Nota Histórica

As décadas de 1930 e 1940 foram especiais para a Matemática em Portugal. Uma geração composta por nomes como Bento de Jesus Caraça, Ruy Luís Gomes, Alfredo Pereira Gomes, António Aniceto Monteiro e Hugo Ribeiro, entre outros, iniciou a sua carreira, e deu novo ânimo à investigação matemática no país. Nasceram então diversos projetos, entre os quais a revista  Portugaliæ Mathematica  (1937), o Seminário Matemático de Lisboa (1938), o Centro de Estudos Matemáticos Aplicados à Economia (1938), a Gazeta de Matemática (1939), o Centro de Estudos Matemáticos de Lisboa e do Porto (1940 e 1942, respetivamente). Foi nesse contexto que, a 12 de dezembro de 1940, surgiu a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), vocacionada para o desenvolvimento do ensino, da divulgação e da promoção da investigação matemática em Portugal.

A primeira direção da SPM era constituída por Pedro José da Cunha (presidente), Victor Hugo Duarte Lemos (vice-presidente), António Aniceto Monteiro (secretário-geral), Manuel Zaluar Nunes (tesoureiro), Maria Pilar Baptista Ribeiro e Augusto Sá da Costa (1.º e 2.º secretários). Também Ruy Luís Gomes e Bento de Jesus Caraça foram peças chave no desenvolvimento da Sociedade, que desde o início reuniu um número considerável de associados.

As associações, no entanto, não eram bem vistas pelo regime vigente. Foi impossível registar os estatutos da SPM, que só foi legalizada depois do 25 de abril, a 10 de outubro de 1977 – quase 40 anos após a sua fundação. Também os colóquios e conferências, organizados com o intuito de contrariar o isolamento dos matemáticos portugueses entre si e em relação aos estrangeiros, foram muitas vezes considerados reuniões políticas, o que prejudicou a dinâmica dos trabalhos.

A perseguição aos matemáticos não tardou. Logo em 1945, António Aniceto Monteiro viu-se obrigado a deixar o país, por não conseguir exercer a profissão. Nos anos de 1946 – 1947 foi desencadeada uma ofensiva contra a Universidade, tendo sido afastados ou impedidos de prosseguir as suas carreiras Bento de Jesus Caraça, Ruy Luís Gomes, Zaluar Nunes, Hugo Ribeiro e Alfredo Pereira Gomes, entre outros. Os Centros de Matemática foram praticamente extintos, e proibidas as atividades da SPM em qualquer dependência do Ministério da Educação. Pressionados pela PIDE, muitos dos sócios fundadores e grandes dinamizadores da Sociedade partiram para o exílio. A atividade da SPM entrou em declínio. Embora as revistas se tenham mantido –, a Portugaliæ Mathematica graças aos esforços de Zaluar Nunes e a Gazeta de Matemática aos de Gaspar Teixeira – a Matemática em Portugal entrou num período de adormecimento.

Só após o 25 de Abril de 1974, a SPM pôde retomar em plenitude os trabalhos e concretizar os objetivos definidos pelos seus fundadores: divulgar o conhecimento matemático, promover a qualidade do ensino da Matemática e divulgar a investigação matemática portuguesa.

Consulte a lista completa dos órgãos diretivos da SPM desde a sua fundação.
 

 

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